terça-feira, 21 de maio de 2013

É por mim que recordo os teus lábios num desmaio
como se a vida se extinguisse num lânguido e longo sopro.
É por mim que cedo relutante a estas memórias com estrutura,
que de tão presentes, são tangíveis.
E os meus dias avançam, tão devagar que me secam a pele
quando tudo o que eu queria era escorregar nas tuas mãos.
Que me moldasses para não me perder nunca mais.

sábado, 18 de maio de 2013


Nestes beijos,
toda a natureza se transfere
para o meu interior.
Fico feita de tempestades e tornados
inquieta, agitada,
e lá fora, 
o mundo pára e a lua desespera,
o vento sossega e o silêncio molda-se
num sopro de infinita profundidade em mim.

Os meus olhos não são apenas olhos.
São canais. Cerebrais, meticulosos.
Mas por vezes são vida, são alma
e perplexos encurtam o mundo
que não chega para o que guardam.
Trazem gestos, fragrâncias, e até pedaços da tua pele.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Dou as mãos e o meu corpo
numa harmonia cósmica apenas sentida por vezes.
Criteriosamente.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O caos tem ordem e sentido.
O meu permanece.
No gelo, imerso num frio acutilante,
estático como as estátuas,
irónico e inatingível, como sempre fui e serei.
Mas às vezes as noites lembram-me de ti,
nas minhas viagens ou fugas,
e uma sensação morna desce e entra-me
como um sussurro no mais profundo silêncio.

domingo, 12 de maio de 2013


Quando um sentido passa a ser apenas uma memória?
Quando ousamos abandonar e negar o que nos torna vivos.
Vivos de verdade,
e assistimos calmamente ao que nos faz lembrar,
ainda que remotamente,
o quanto poderíamos ser mais, mais e mais.
Tanto... que incomodados, olhamos para o outro lado do céu...

Na visão periférica, não é possível evitar a lua.

The moon - from my window

sábado, 11 de maio de 2013

Só o meu gesto
e o meu corpo te podem chamar.
Eu já caí.  
Chamo-te de noite
deitada num canto impróprio,
arruinada numa saudade que
a memória não tem memória.

Sentes-me?


quarta-feira, 8 de maio de 2013

O meu coração por vezes
quase pára. Perplexo.
Quando retoma, é rude,
para não mais ser tentado.

Mas fica quente neste inferno,
numa cálida rendição...

Não quero viver depressa.
Sei dos perigos, das feras e
dos sinais do prazer.
Espero que a vontade passe, construo abrigos, 
fujo de noite para lugares perdidos.
Mas não sai. 
Permanece viva
com formas, melodias e sons.
E eu queimo.
Queimo lentamente.


Sou parte de gentes e idiomas, dias sem tempo e dias felizes.
Tenho campos de estátuas azuis, como a minha lembrança.
Trago nos olhos o caos das noites simples, que contrastam.
Sou parte de uma mente que me ensina e me solta, nunca estando 
verdadeiramente liberta.
Sou o porto de abrigo de milhões de almas, algumas não convidei,
o meu coração pensa e a minha pele tem memória,
mas tenho-te.
Tenho-te algures, entre as mãos e este céu.