quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


Trago em mim este tesouro.
Feito de almas tortuosas e afáveis,
de saudade e de paixão.
Trago tudo isto
sem estacar nas subidas,
porque é urgente a caminhada.
Se soubesses como assim se morre infinitamente,
como a morte de um só dia
é a alma do que virá.

Trago-te em mim se não te encontrares...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Deita-te comigo num sono desalinhado
Saberei tocar-te, desejar-te de forma imprópria.
Serei mil viagens no teu cérebro.
Todas as cores, sabores e seres vivos.

A agonia deve-se mastigar lentamente.


Chama-me. Inflama-me.
Sei como te fazer.
Morrer. Gritar por dentro.
Pedir, pede-me.
Tudo. Eu dou-te.
Redobrado, extasiado.
Ao limite.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


Deste aos meus dias a extravagância,
a alma maior.
Tens contigo a essência que não desconheço
(mas nem sei de onde vem).
Deste ao meu corpo nu, planos e perspectivas,
à lisura da minha pele, as tuas mãos enterradas,
e eu não suporto nem sustenho
esta sede e esta fome,
este inferno que em mim colapsa.
És tudo isto.
Pequenos focos de sol por entre as frestas dos dias, dos meus dedos.
Luares memorizados em noites dolentes, insuspeitos olhares trocados.
És tudo isto para mim, sem te amar.
Sou permeável até aqui,
mas ainda assim, és tudo. 
Isto.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Dou-te o céu e o inferno perfeitamente equilibrados
numa medida que não se calcula, apenas se sente.
Toca-me. Sente-me muito. 
Toca-me fundo enquanto sou tenra,
enquanto te quero agora e mais do que nunca.
Enquanto a minha pele ainda brilha, escorrega e se entorna
nas palmas das tuas mãos.
Um espelho, uma ode, a perfeição.
Chama-me.
Leva-me ao fundo.
O quente da tua boca dissolve-me.
Quero olhar-te como quem dilata os olhos
numa qualquer viagem, quadro, tela.
interiorizar-te, para não ficar assim.
Absorta, a tentar visualizar linhas. Linhas curvas, não rectas.
Perdi-me neste caminho que também não pedi.
Algures, num dia comum de tão desigual.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Agora tudo em mim é lento.
O que faço a esta ternura?
O que faço, se ela se solta das minhas mãos,
serpenteia no chão como uma dança, 
e me chama para me lembrar.
Todos os dias.

Amanhã também.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


Ser feliz é capturar a vida e saudar infinitamente o pensamento.
Reconhecer que é breve o instante, e fazer dele um milagre ou um prodígio de cada vez.
Ser feliz é conhecer profundamente o mal e ser real
sem negar que a nossa essência contém duas metades.
A dualidade dá-nos corpo, faz nascer modos de vida fascinantes
e com ela, produzimos sonhos. 
Vertiginosos sonhos de montanhas azuis guardados em qualquer parte do nosso corpo.