quarta-feira, 29 de maio de 2013

É isto.
Uma sede infinita feita de 
fracções do meu lume para ti,
porque o todo,
cúmplice, idêntico e semelhante...
o todo é incontornável.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Por vezes sou eu, por vezes alguém
que te quer assim,
a ansiar a vida.
Não deixa de existir por não ser concretizada.
Está ali, aqui.
Porque resiste e não pode regredir.
Porque é minha, nova e surpreendente.
Guardo-a sem olhar para trás.
Quem não iria querer apertar o mundo
como se embalasse as origens?

quarta-feira, 22 de maio de 2013


Caminhei durante anos por todas as estradas,
adormeci em braços ternos, porém parados,
fiz das noites e do silêncio o meu abrigo.
Secreto.
Dei partes de mim, como pedras ao mar,
e acreditei, altiva e lúcida, que a vida era assim.
Mas agora não,
não é fácil compreender
como a pura perfeição pode surgir tão tarde.

Torna-se assim imperfeita.

terça-feira, 21 de maio de 2013

É por mim que recordo os teus lábios num desmaio
como se a vida se extinguisse num lânguido e longo sopro.
É por mim que cedo relutante a estas memórias com estrutura,
que de tão presentes, são tangíveis.
E os meus dias avançam, tão devagar que me secam a pele
quando tudo o que eu queria era escorregar nas tuas mãos.
Que me moldasses para não me perder nunca mais.

sábado, 18 de maio de 2013


Nestes beijos,
toda a natureza se transfere
para o meu interior.
Fico feita de tempestades e tornados
inquieta, agitada,
e lá fora, 
o mundo pára e a lua desespera,
o vento sossega e o silêncio molda-se
num sopro de infinita profundidade em mim.

Os meus olhos não são apenas olhos.
São canais. Cerebrais, meticulosos.
Mas por vezes são vida, são alma
e perplexos encurtam o mundo
que não chega para o que guardam.
Trazem gestos, fragrâncias, e até pedaços da tua pele.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Dou as mãos e o meu corpo
numa harmonia cósmica apenas sentida por vezes.
Criteriosamente.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O caos tem ordem e sentido.
O meu permanece.
No gelo, imerso num frio acutilante,
estático como as estátuas,
irónico e inatingível, como sempre fui e serei.
Mas às vezes as noites lembram-me de ti,
nas minhas viagens ou fugas,
e uma sensação morna desce e entra-me
como um sussurro no mais profundo silêncio.

domingo, 12 de maio de 2013


Quando um sentido passa a ser apenas uma memória?
Quando ousamos abandonar e negar o que nos torna vivos.
Vivos de verdade,
e assistimos calmamente ao que nos faz lembrar,
ainda que remotamente,
o quanto poderíamos ser mais, mais e mais.
Tanto... que incomodados, olhamos para o outro lado do céu...

Na visão periférica, não é possível evitar a lua.

The moon - from my window

sábado, 11 de maio de 2013

Só o meu gesto
e o meu corpo te podem chamar.
Eu já caí.  
Chamo-te de noite
deitada num canto impróprio,
arruinada numa saudade que
a memória não tem memória.

Sentes-me?