quinta-feira, 20 de junho de 2013

Os sentidos alinham-se numa exactidão impossível.
A vida regride e avança 
como um relógio avariado.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A minha saudade é uma forma, 
que a verdade não quer olhar.
Nada que possa dizer, ou que fique escrito,
a poderá determinar com precisão.
Nada se resolve, nada consigo alcançar
porque dentro de mim,
tenho todas as marés.
Uns dias sossego por antecipação,
outros deformo as margens 
e deixo -me largada.
Eu não vejo o mesmo que tu.
Eu vejo-te a ti.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Onde deito o que sobra, 
porque sobe margens.
Onde acabo, que não sei do meu começo,
onde te encontras que estás também
nas rubras dobras das noites.
Onde te posso ver,
quando as estações do ano
gravam a fogo e água
o teu nome em lâminas que são dias,
e dias que são vidas.
Tão improváveis e perfeitas 
que chego a pensar que te inventei

domingo, 9 de junho de 2013

O que fazemos, o que dizemos,
é nada.
O tudo, é o que conseguimos sentir.
Como olhar o interminável oceano ou
derreter o já doce sabor do medo.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Que vontade de partir, fugir por ali
nem que seja apenas para te ver.
Não é simples.
É sim um complexo e inequívoco desejo
de beber todos os sonhos 
num só dia da minha vida.
O espaço cá dentro esvazia e estranha 
a - ainda que ténue - ausência do latejar.
O sangue circula cansado 
e a pele deixa de doer por instantes.
Poucos, mas consideráveis instantes.

Um fogo posto em alto mar.
É isto a minha saudade.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

É isto.
Uma sede infinita feita de 
fracções do meu lume para ti,
porque o todo,
cúmplice, idêntico e semelhante...
o todo é incontornável.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Por vezes sou eu, por vezes alguém
que te quer assim,
a ansiar a vida.
Não deixa de existir por não ser concretizada.
Está ali, aqui.
Porque resiste e não pode regredir.
Porque é minha, nova e surpreendente.
Guardo-a sem olhar para trás.
Quem não iria querer apertar o mundo
como se embalasse as origens?

quarta-feira, 22 de maio de 2013


Caminhei durante anos por todas as estradas,
adormeci em braços ternos, porém parados,
fiz das noites e do silêncio o meu abrigo.
Secreto.
Dei partes de mim, como pedras ao mar,
e acreditei, altiva e lúcida, que a vida era assim.
Mas agora não,
não é fácil compreender
como a pura perfeição pode surgir tão tarde.

Torna-se assim imperfeita.