Vamos enlouquecer a noite
dar-lhe razões para se esconder
por entre telhados e águas-furtadas.
Vamos secar o rio tornando-o macio
para a chegada lenta da água
a todos os recantos e labirintos
(numa languidez hipnótica).
Vamos abraçar a nudez e os contornos
numa língua que desconhecemos
e que, desconcertados, nos molha os sentidos.
Como os teus lábios nos meus.
Sôfregos, elásticos e quentes.