quarta-feira, 18 de junho de 2014

Tenho tanta coisa, que trago em mim todas as cidades do mundo. Dialectos, aromas, sorrisos, e até entardeceres diferentes em colinas e falésias distintas. 
Como se tu me quisesses...

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Quando nos sentimos apoderados do imenso, queremos retratar, transpor, mas nunca será suficiente. Resta-me contemplar o fantástico e guardar em mim todos os delírios. Desordenadamente.
Tenho a alma e o sangue a ebulir de vida (e de vidas).
A minha existência, que já não era destilada, será a minha fatal distracção.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Nesta verdade que respira e exala, habitam segredos e descobertas ímpares.
Tomam, agudamente, formas de tal forma, que a partilha é premente. 
Gota a gota. 
Como me sabem as palavras deste esparso veneno.

domingo, 18 de maio de 2014

Se eu pudesse elevar as raízes da terra,
expô-las ao sol por esta grandeza,
poderia sentir com mais leveza
este pulsar dependente.
Soterrada, mas desperta.
Calada, mas não dormente.
Há dias de uma morte absolutamente sem nome.
A saudade tem som. Um som que se propaga, mesmo que fechemos os olhos.
Gradualmente insinua-se na nossa pele, no nosso contorno.
Ao abrirmos os olhos, ela sorri, pois não a vemos, mas fazemos a gentileza de a transportar. Ao colo, de preferência. Com um carinho e ternura silenciosos.
Em oposição.
Palavras. Sensações na ponta dos dedos, pressionadas e desvalorizadas.
Automaticamente.
A alma transformada num fundo branco, e a final contemplação do conjunto. 
Aniquilar a pressão é sempre compreensível e não carece de justificação

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Fico por momentos encantada à janela do meu quarto.
Tem vista para plantações de nenúfares 
e de tudo que eu quiser.
É isto o amor.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Nos meus braços terás sempre o teu sítio. Nunca foi moldado, mas está aqui, e não caberá mais ninguém.
De mim, terás sempre um sorriso. Um dos vários que tenho, mas ... aquele em particular.
Destinado a alguém como tu - sorrisos que despontam sem ensaio, 
porque nada em mim é recriado.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Assim se constrói a viagem que eu não queria abandonar.
Falo de gestos, de uma linguagem sem igual.
Um olhar de perto, e nos corredores dessa vida, um túnel de paredes finas, como se a qualquer momento, um deslize as derrocasse.
Um toque de mãos, que queima numa euforia, quase plácida. O rasto dos dedos fica. Ficou.
Um beijo, e outro, e um novo quarto ou divisão. Uma espiral de sensações, como quem vai ao fundo da alma e permanece. Sem respirar, mas sem morrer. Um pouco de cada vez, talvez.
Descer e entrar na vida. No profundo, no segredo, onde cada sensação é um choque, como o toque de um espírito, que nos arrepia, mas que nos motiva a prosseguir (de coração nas têmporas).
Ir além de mim tendo a consciência que estou submersa na melhor viagem que me foi concedida - todos estes fragmentos ou secções ... 
Pequenas janelas gravitacionais, ascendentes ou descendentes, ou simplesmente a vida desprovida de quaisquer filtros.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Se nada me resta, se as ideias me fogem e a memória me trai,
se a pele não seca, se os campos permanecem. Dourados.
Se este céu que se abate ainda me pesa no peito,
se os ciclos são círculos de ruído. De cores.
Se o entardecer ainda me agarra a garganta e me sussurra 
sabores de mil flores azuis...
Se eu não sei sair daqui...