quinta-feira, 28 de março de 2013

Saí para enfrentar os meus medos,
desejos ou consciência.
Todas as ruas e passeios se parecem
e ando sem me lembrar como ali cheguei.
As luzes da rua e a própria noite, lembram-me de ti,
assim como o silêncio que agarra momentos.

Voltei porque estavas em todo o lado.
A cidade já dorme.
Tudo permanece dormente,
mas eu estou aqui. Viva.
A sentir-te como se fosse possível,
em rasgos condutores que me ligam a ti.

Estou viva.
Foste tu que me ofereceste.

terça-feira, 26 de março de 2013


Contigo, as noites seriam devagar.
Todas elas.
Tão devagar quanto a vontade impõe.
Por alguma razão te quero assim.

Um dia talvez, saberei explicar. Sim, tudo se explica. Até a vida.


segunda-feira, 25 de março de 2013


O meu desejo por ti é incompreensível
sendo no entanto provável.
Não é entendível a força e a dimensão,
como quem arranca a pele da carne,
mas não deixa de ser provável.
Reconheço-te por sintomas.


domingo, 24 de março de 2013


Serei a pessoa mais só na multidão
e a que arde de vida sem ninguém por perto.
Presto atenção a quem me rodeia como
forma de conhecimento.
Fui construída assim, ano após ano
com anotações mentais, pouco físicas.
Mas penso agora e por vezes,
perante este novo e total desconhecimento, 
que explicação podes ter aqui.
Em mim.

sábado, 23 de março de 2013

Sabes que me levas sempre que me olhas,
e eu mantenho-me no fundo sem respirar
(as surpresas incomodam-me).
Dentro de mim, tudo se passa e circula
numa enervante tentativa de me concentrar.
Eu tento, mas não consigo recordar 
como eram as minhas horas antes de ti.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Sou feita de outras vidas, idiomas e frases no tempo. Trago comigo sonhos, mas sonhos diferentes que não se aprendem. Já nascem assim.
Encerro tudo em mim.
Não deixo de estar atenta enquanto o faço. Agarro, apanho sem deixar cair, todos os momentos e olhares, todos os gestos sem que os veja, até mesmo o compasso da tua respiração.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Por vezes, fujo na noite e apanho a estrada. Preciso de mim inteira, sem falhas.
Preciso de pensar, ausente do som familiar da minha casa, do meu chão e das minhas portas.
Preciso de me conhecer de novo como quem renova a pele.
Chego ao meu destino cheia de imagens, ideias, cheiros e sem mais, retorno.

A noite lembra-me de ti, assim como a estrada, as curvas, e a luz que se projecta 

terça-feira, 19 de março de 2013


Foste único sempre
desde que te soube e tu sabes
que a cadência é perfeita.
Um sempre vago e cheio de vida,
um sempre meu, diferente, mas válido,
um sempre tão verdadeiro quanto pode ser.
A consciência é absurda pois nunca poderei exprimir.
Só no olhar.
O meu único e inequívoco desencontro.

segunda-feira, 18 de março de 2013


Tudo em mim é inquieto, sanguíneo,
inexplicável, intolerável.
Não sei o que fazer contigo
que me inquietas a alma.
De morte.