segunda-feira, 25 de março de 2013


O meu desejo por ti é incompreensível
sendo no entanto provável.
Não é entendível a força e a dimensão,
como quem arranca a pele da carne,
mas não deixa de ser provável.
Reconheço-te por sintomas.


domingo, 24 de março de 2013


Serei a pessoa mais só na multidão
e a que arde de vida sem ninguém por perto.
Presto atenção a quem me rodeia como
forma de conhecimento.
Fui construída assim, ano após ano
com anotações mentais, pouco físicas.
Mas penso agora e por vezes,
perante este novo e total desconhecimento, 
que explicação podes ter aqui.
Em mim.

sábado, 23 de março de 2013

Sabes que me levas sempre que me olhas,
e eu mantenho-me no fundo sem respirar
(as surpresas incomodam-me).
Dentro de mim, tudo se passa e circula
numa enervante tentativa de me concentrar.
Eu tento, mas não consigo recordar 
como eram as minhas horas antes de ti.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Sou feita de outras vidas, idiomas e frases no tempo. Trago comigo sonhos, mas sonhos diferentes que não se aprendem. Já nascem assim.
Encerro tudo em mim.
Não deixo de estar atenta enquanto o faço. Agarro, apanho sem deixar cair, todos os momentos e olhares, todos os gestos sem que os veja, até mesmo o compasso da tua respiração.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Por vezes, fujo na noite e apanho a estrada. Preciso de mim inteira, sem falhas.
Preciso de pensar, ausente do som familiar da minha casa, do meu chão e das minhas portas.
Preciso de me conhecer de novo como quem renova a pele.
Chego ao meu destino cheia de imagens, ideias, cheiros e sem mais, retorno.

A noite lembra-me de ti, assim como a estrada, as curvas, e a luz que se projecta 

terça-feira, 19 de março de 2013


Foste único sempre
desde que te soube e tu sabes
que a cadência é perfeita.
Um sempre vago e cheio de vida,
um sempre meu, diferente, mas válido,
um sempre tão verdadeiro quanto pode ser.
A consciência é absurda pois nunca poderei exprimir.
Só no olhar.
O meu único e inequívoco desencontro.

segunda-feira, 18 de março de 2013


Tudo em mim é inquieto, sanguíneo,
inexplicável, intolerável.
Não sei o que fazer contigo
que me inquietas a alma.
De morte.

domingo, 17 de março de 2013


Contigo seria perfeita em mares que nunca encontrei antes.
É tarde? Claro. É claro que sim. 
Tão claro como as minhas noites.

O sentido lato está aqui, tão presente quanto eu.
Não me cansarei de te dizer
que a tua descoberta me derruba e me satisfaz.
Tanto...
Um raro tu para mim.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Tens um qualquer segredo que o meu sangue não resiste.
Derrama-se incontrolável pelo meu corpo,
aquece-me ao trespassar-me com força,
e agarra os dias e as horas
como se contasse o tempo pelo tempo.

segunda-feira, 11 de março de 2013


Sobre nós o que posso escrever sem ser o que penso? Nada existe a não ser a impetuosidade da minha e da tua existência.
Os apontamentos passam por fases. Mínimas fases, pois a saudade salta-me das mãos para os olhos de quem me vê e mancha todas as folhas com cores, cheiros e texturas.
Construo com ela frases e textos deixando-me esvaziar lentamente. E por aqui fico.
Sem mais conseguir dizer e sem poder querer-te mais, porque o meu vazio está pleno, e o que não está, já não me pertence.