segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


Por agora incomodo-me, e ávida da tua luz, dar-te-ei fragmentos da minha história.
Nada pode ser mais concreto. Em troca, espero o nada, que é relativo.
Se é incompreendida e inglória a minha caminhada? Não sabemos.
Apenas reconheço a grandiosidade, a forma e o indefinível desta consciência.

Quero-te.
Um dia de manhã, uma tarde ou uma noite
que não possas viver e me chames
para aplacar a vulgaridade do momento.
Não há sentido lato. É particular, uma verdade absoluta.
Uma certeza.
É decadente, quase obsceno sabê-lo.
Não teremos medo todos nós?

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


Recordo-me de amores passados e da emoção memorável...
Hoje não sei as horas, nem sei os dias, nem é amor o que sinto.
Estás no entanto nas estradas que faço, nos olhos que olho e na arte que invento.
Estás porque te guardo novamente (sempre te guardei)
De tanto o fazer, estás e és assim aqui.
De tanto o fazer, já não cabes mais em mim.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


Prezo a falta de sanidade, a audição sangrenta,
todas as formas do oposto e o que não se vê mas se segura.
Prezo a língua liberta, a leitura consumada de um beijo,
a obscenidade implícita sem indícios de moral ou de modéstia.
Prezo o fraquejar no momento certo, a cedência absoluta
quando algo nos faz querer ser tomados, e somos.
Prezo não querer o que não quero,
ambicionar o que desejo com pouca ou nenhuma moderação.

Não me sinto agrilhoada ou confinada a pequenos espaços.

A vida termina sempre cedo demais.
Este é o reflexo da minha alma, onde milhões de figuras assomam este pátio que não se perdeu.
Está apenas longe, feito contorno.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

E ela sentou-se. Nas mãos, trouxe o infortúnio dos dias e mais este.
Não se deve negar a vivência de um caos tão perfeito.
A harmonia dos sentidos é única e de uma fascinação inalienável.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Posso continuar a ser como sou. Todos os dias me agradeço um pouco pela genuína falta de cuidado com as palavras, pela estranha inocência depois de tanto assistir à vida.
Podemos carregar tudo e ainda assim transportarmos uma indelével pureza.
Posso continuar a ser como sou. Cheia de vidas por dentro e sem medo algum. Por vezes esbarro com a verdade e agarro-a para que acorde, outras agarro-me a mim porque dói infinitamente. 
Interessa-me seguir, caminhar destemida para achar o sentido das coisas.
Por vezes, ouso um sono profundo no entanto vigilante e aí a viagem começa.
Nesta travessia permito-me querer-te. Acalento o pensamento e agradeço conseguir experimentar tanta vontade e ternura, mesmo não sendo comum encontrar ambas. Vou ao fundo e reconheço tudo. Tudo sem excepção. Não me pergunto porquê, há coisas que não devemos saber..
Deixo que tudo me consuma, se dissolva em mim como uma mancha profusa, uma comunhão perfeita, e por ali fico, embalada numa perdição sem igual.
Agora volto à superfície quando posso com um infinito desejo de respirar, de dizer, de te contar...
Esta viagem, esta forma de viver sempre foi minha, mas os meus dias e as minhas cores mudaram. 
Existes.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Não permito qualquer movimento, mas sou eu que te procuro e desespero, porque a minha alma é o meu sexo e a asfixia prova que eu vivo.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013


Estou fechada em mim como um entardecer constante
num sonho de frases ditas, escritas e alinhadas como balas.
Estou para lá da vida muitas vezes
e nestas viagens cruzo-me contigo, mas não te vejo.
Quando volto, descanso as mãos nas estacas geladas e repouso.

Espero-te junto ao cais das folhas mortas.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


Sabes que vivo além do possível, numa zona de almas recolhidas, sagradas, consumidas,
Sabes que me sentei tantas vezes, que perdi o rumo e a conta
ao tentar decifrar estes códigos. Estão escritos em vidros molhados, esmorecem depressa...
O consciente é demasiado brilhante. Ruidoso.
Anda, fica comigo por partes nesta penumbra.
Ninguém sentirá a nossa falta.
Ninguém, excepto eu.