segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Posso continuar a ser como sou. Todos os dias me agradeço um pouco pela genuína falta de cuidado com as palavras, pela estranha inocência depois de tanto assistir à vida.
Podemos carregar tudo e ainda assim transportarmos uma indelével pureza.
Posso continuar a ser como sou. Cheia de vidas por dentro e sem medo algum. Por vezes esbarro com a verdade e agarro-a para que acorde, outras agarro-me a mim porque dói infinitamente. 
Interessa-me seguir, caminhar destemida para achar o sentido das coisas.
Por vezes, ouso um sono profundo no entanto vigilante e aí a viagem começa.
Nesta travessia permito-me querer-te. Acalento o pensamento e agradeço conseguir experimentar tanta vontade e ternura, mesmo não sendo comum encontrar ambas. Vou ao fundo e reconheço tudo. Tudo sem excepção. Não me pergunto porquê, há coisas que não devemos saber..
Deixo que tudo me consuma, se dissolva em mim como uma mancha profusa, uma comunhão perfeita, e por ali fico, embalada numa perdição sem igual.
Agora volto à superfície quando posso com um infinito desejo de respirar, de dizer, de te contar...
Esta viagem, esta forma de viver sempre foi minha, mas os meus dias e as minhas cores mudaram. 
Existes.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Não permito qualquer movimento, mas sou eu que te procuro e desespero, porque a minha alma é o meu sexo e a asfixia prova que eu vivo.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013


Estou fechada em mim como um entardecer constante
num sonho de frases ditas, escritas e alinhadas como balas.
Estou para lá da vida muitas vezes
e nestas viagens cruzo-me contigo, mas não te vejo.
Quando volto, descanso as mãos nas estacas geladas e repouso.

Espero-te junto ao cais das folhas mortas.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


Sabes que vivo além do possível, numa zona de almas recolhidas, sagradas, consumidas,
Sabes que me sentei tantas vezes, que perdi o rumo e a conta
ao tentar decifrar estes códigos. Estão escritos em vidros molhados, esmorecem depressa...
O consciente é demasiado brilhante. Ruidoso.
Anda, fica comigo por partes nesta penumbra.
Ninguém sentirá a nossa falta.
Ninguém, excepto eu.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013


Eu não quero nada a não ser o silêncio. Um silêncio desmedido.
Quero, para fixar o universo de pontos hipnóticos com que me distraio.
Quase consigo tocar-lhes...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


Mantenho-me no meu submundo onde vultos circulam e sussurram,
onde a realidade é minha, onde o prazer é meu aliado,
o ridículo, a coragem e a paixão se juntam num abraço etéreo.
É aqui que renasço, que vibro, que me colo ao pensamento.
É este mundo de loucos, de seres e de sentidos, todos eles,
que me eleva e proporciona este dote. 
Mantenho-me aqui, onde posso guardar a miséria, o regozijo e o prazer de todos os semblantes.
É aqui que o sexo é um olhar, que o erotismo é uma palavra, que um orgasmo és tu.
É aqui que se faz a passagem, que se baralha a vida, que se viaja e se troca a pele.
Este submundo prospera e com ele faço jardins de almas.

Os dias passam.
Com eles trazem lanças de oxigénio e eu aguardo que a vontade se canse.
Espero...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Queria guardar-te. Numa mão, num tecido que perdure a tua fragrância, o teu sabor.
Não é egoísmo, pois voas e cais, e deitado, observas a viagem como ninguém.
Trazes contigo a minha fantasia, o segredo, o vício, o pensamento.
Tens este mundo e outro, e mais outro ainda.
Um dia, talvez, encontramo-nos lá no fundo. 
Onde a matéria é segredo e o ar, irrespirável.

“I want to undress you, vulgarize you a bit.”
Henry Miller




quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


É aqui, em mim, que reside a fantasia.
Num sonho onde as luzes se extinguem e nos tornamos tantos,
Numa súbita invasão, no caos, numa excentricidade que reluz 
para que possa ver os punhais com que alcanças a minha carne.

O inconsciente é soberano e perplexo consigo.
Não seremos todos lascivos?



terça-feira, 1 de janeiro de 2013


Ainda sobre o amor...
Não queiramos que nos chegue, nem devemos falar sobre ele.
Está lá longe, a aguardar o dia que não vai chegar.
Está sentado sobre si mesmo, sem rumo, sem ajuda, mas não arrebatado.
Esta vida que te dou, é incondicional. É densa e plena.
A mais pura perversão na forma terna, lenta, admirável, porém confusa.
Uma alquimia inigualável que é minha,
porque de outra forma é difícil viver.