segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


Sabes que vivo além do possível, numa zona de almas recolhidas, sagradas, consumidas,
Sabes que me sentei tantas vezes, que perdi o rumo e a conta
ao tentar decifrar estes códigos. Estão escritos em vidros molhados, esmorecem depressa...
O consciente é demasiado brilhante. Ruidoso.
Anda, fica comigo por partes nesta penumbra.
Ninguém sentirá a nossa falta.
Ninguém, excepto eu.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013


Eu não quero nada a não ser o silêncio. Um silêncio desmedido.
Quero, para fixar o universo de pontos hipnóticos com que me distraio.
Quase consigo tocar-lhes...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


Mantenho-me no meu submundo onde vultos circulam e sussurram,
onde a realidade é minha, onde o prazer é meu aliado,
o ridículo, a coragem e a paixão se juntam num abraço etéreo.
É aqui que renasço, que vibro, que me colo ao pensamento.
É este mundo de loucos, de seres e de sentidos, todos eles,
que me eleva e proporciona este dote. 
Mantenho-me aqui, onde posso guardar a miséria, o regozijo e o prazer de todos os semblantes.
É aqui que o sexo é um olhar, que o erotismo é uma palavra, que um orgasmo és tu.
É aqui que se faz a passagem, que se baralha a vida, que se viaja e se troca a pele.
Este submundo prospera e com ele faço jardins de almas.

Os dias passam.
Com eles trazem lanças de oxigénio e eu aguardo que a vontade se canse.
Espero...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Queria guardar-te. Numa mão, num tecido que perdure a tua fragrância, o teu sabor.
Não é egoísmo, pois voas e cais, e deitado, observas a viagem como ninguém.
Trazes contigo a minha fantasia, o segredo, o vício, o pensamento.
Tens este mundo e outro, e mais outro ainda.
Um dia, talvez, encontramo-nos lá no fundo. 
Onde a matéria é segredo e o ar, irrespirável.

“I want to undress you, vulgarize you a bit.”
Henry Miller




quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


É aqui, em mim, que reside a fantasia.
Num sonho onde as luzes se extinguem e nos tornamos tantos,
Numa súbita invasão, no caos, numa excentricidade que reluz 
para que possa ver os punhais com que alcanças a minha carne.

O inconsciente é soberano e perplexo consigo.
Não seremos todos lascivos?



terça-feira, 1 de janeiro de 2013


Ainda sobre o amor...
Não queiramos que nos chegue, nem devemos falar sobre ele.
Está lá longe, a aguardar o dia que não vai chegar.
Está sentado sobre si mesmo, sem rumo, sem ajuda, mas não arrebatado.
Esta vida que te dou, é incondicional. É densa e plena.
A mais pura perversão na forma terna, lenta, admirável, porém confusa.
Uma alquimia inigualável que é minha,
porque de outra forma é difícil viver.

domingo, 30 de dezembro de 2012

O amor age como uma praga. 
Arrebata todas as faces da felicidade. Tudo se enreda e transforma.
O amor cria interregnos na vida, agarra-nos pelos ombros, sacode-nos para longe e não tenciona resgatar-nos.
Prefiro a sensatez do encantamento.
Este que me embala, que me seduz, que me eleva a estágios indizíveis. 
Este, onde habita parte de ti e o meu todo.
Um desajustamento perfeito.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Estar. Simplesmente estar.
Basta-me e preenche-me.
Ultrapassa-me, mas não me surpreende.
Esta rendição por ti e contigo.
Tão somente por estar.
Somos seres inteiros, de passos previamente traçados e
devidamente imunes. Não deixamos de sorrir nem de criar laços,
muito menos nos privamos das fases onde a felicidade se atreve.
Mas eu quero esta seita de vivências, de momentos onde realmente estou, porque tudo em mim é sentido e digerido num sôfrego caos, 
num abraço lento e descuidado.
Eu quero o além disto e o oposto de ontem
o que virá desconhecido, ou já foi, amanhã ou depois.
Eu quero usar os teus dedos nos meus. De mãos apertadas
ou só tocadas.