quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Encontrei-te no caos
e não tenciono perder-te.
Diz que me sentes.
Diz,
diz que me sentes algures,
porque esses dias também são meus.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012


Não sou meio termo, nem coisa pouca,
porque não estarei para sempre.
Enquanto puder, viverei nesta minha cidade dos loucos
vulnerável às temperaturas, às palavras, aos detalhes.
Tudo que sinto, quase dá para agarrar, porque tem forma.
É como uma nuvem densa que se pode moldar, abraçar, cortar.
E voa, na direcção que mais quero...
Para que temos pele afinal?

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sou a sombra que refresca 
quem me segue ou está a par.
Sou um invólucro,
matéria, carne,
ideia, expressão e ar.
Sou a mão calada que te aquece
sou a prece da tua prece
a revolta nua no silêncio do teu chão.
Sou a chegada da notícia
o abalo, a guerra e a quebra,

a terra, o feitiço e a regra.
Sou a ternura que temo, pois não me esquece
A minha que não pode ser tua
absoluta e alienada
não perdida pois foi achada,
estranha, invulgar, acirrada perdição.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Vejo e revejo a ideia do teu rosto
de uma forma que a imaginação não alcança.
E eu já vi campos e flores
pomares e montes, 
mares e abismos, alguns milagres enfim.
É amargo guardar-te apenas assim
sem te poder descrever quadros e gravuras
ou o que significa a saudade em mim.
De ti.

O dia amanheceu sereno
Sem que eu notasse o passar do tempo
apenas que flutuei em ti.
Algo em mim não mudou
embora traga comigo uma estranha e indelével leveza.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dedicado exclusivamente à minha filha


Amar uma filha, é sentir o seu sonho nos nossos sonhos, ainda que não o tenhamos.
Podemos ter outros, mas haverá espaço para mais aquele. Porque é dela.
Querer é quase conseguir. O início, o meio e quem sabe, o fim.
Somos duas a querer. Já somos um milhão.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Poema de um suicida

Se me quiseres tocar,
senta-te, respira fundo e revê
dias e noites gloriosas que vivemos.
Estarei a circular no teu sangue
porque o teu cérebro se lembra de mim, processa-me.
Se me quiseres falar,
diz-me, conta-me histórias
de ti, de mim, de nós.
Estarei no livro da tua cabeceira
na sombra que projectas 
pela luz que irás apagar.
Não me julgues,
não me julgues...
Numa vida sem sonhos,
a alma num tumulto, mas nunca derrotada,
assumi o papel principal.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Agradecimento

Olá a todos!
Agradeço aos recentes visitantes da Russia, e claro, aos restantes dos Estados Unidos, Alemanha, Brasil, Áustria, Ucrânia, Reino Unido, Malásia, Angola e por aí fora (não caberiam todos aqui). Um obrigado especial aos nossos tugas e sugiro que SIGAM o blogue. Sempre que publicar alguma coisa, serão notificados!
Beijos desviantes (mas pouco)*

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Estás no som dos jornais folheados
estás nas manhãs nubladas, ali,
a adensar um pequeno espaço.
Estás nos meus olhos fechados,
apertados ou estáticos, extasiados.
Estás no simples segurar de uma folha
na tarde dourada de um pátio
nos sons de todas as estações.
Estás aqui e ali,
onde fui, onde vou e onde já estive.
Chegaste algures assim.
Em todas as minhas intenções.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Suar por uma pessoa só por a olhar,
é de uma inocência atroz.
Um misto de fome com inesperada ternura,
é querer projectar a nossa pele com urgência
como quem conquista um declive.
É não ter poder sobre o que pensamos e sentimos
porque o cérebro não sabe se pode ou deve
Ter um coração orgânico
adaptado a impostos (supostos) limites,
é das mais perfeitas e pecaminosas injustiças.